Empresa que cuida dos principais campos europeus não desgruda os
olhos da manutenção para superar desafio de manter alto nível em 2013
Confinados a seus respectivos estádios, os gramados costumam conviver com a solidão nos dias em que não há futebol. Apesar de até serem maltratados vez por outra, o contato com seu público-alvo é o momento de mais destaque. No Engenhão, desde que a decisão de investir na alta qualidade e na manutenção foi posta em prática, cada pedaço do campo passou a ser monitorado 24 horas por dia por uma equipe de holandeses da empresa SGL, responsável pela venda das máquinas que produzem luz especialmente para a área que sofre mais com o sombreamento, em virtude do desenho de sua cobertura (confira o vídeo ao lado).
Através de câmeras instaladas na cobertura e de sensores espalhados, a casa do Botafogo encara seu próprio BBB desde agosto. Tudo pelo desafio de superar uma longa temporada de jogos sem danos ao terreno pela primeira vez. Nos últimos três anos, o Maracanã esteve fechado para as obras da Copa das Confederações e da Copa do Mundo e sobrecarregou o palco que abriga também Fla e Flu, às vezes com até três jogos numa mesma semana. Porém, os engenheiros agrônomos envolvidos no trabalho pioneiro no Brasil garantem que o nível já é europeu e comprovam a tese com gráficos detalhados (veja no fim da matéria).
Neste domingo, por exemplo, mais um teste será realizado. Botafogo e Fluminense entram em campo às 19h30 para o primeiro clássico carioca da temporada, válido pela terceira rodada da Taça Guanabara.
Neste domingo, por exemplo, mais um teste será realizado. Botafogo e Fluminense entram em campo às 19h30 para o primeiro clássico carioca da temporada, válido pela terceira rodada da Taça Guanabara.
Segundo Marcelo Hargreaves, gerente de marketing esportivo da Ambev, parceira do Alvinegro na empreitada, o pedido da diretoria tem sido atendido pela marca, que importou o equipamento por R$ 1,5 milhão, em troca do fortalecimento de acordos publicitários, como a pintura das cadeiras dos setores Norte e Sul, que levam o nome de uma das cervejas da transnacional.
- O Botafogo nos procurou e disse que queria um gramado internacional, mas se preocupou como faria para manter isso. Nós, então, realizamos um trabalho contínuo. Medimos um tempo para atingir os campos europeus e chegamos lá. Agora, juntamente com a equipe daqui, eles acompanham em tempo real a evolução e o crescimento - explicou.
Um avançado link na internet é compartilhado pelas três partes (Botafogo, SGL e Greenleaf - esta responde pelo gramado no país), que trocam informações e não deixam o local desprotegido, precavendo-se da eventual ação danosa de fatores externos. As principais valências são densidade, espessura, nivelamento e homogeneidade.
Além do Engenhão, as câmeras são utilizadas em arenas renomadas como o Old Trafford (Manchester United), Stamford Bridge (Chelsea), Allianz Arena (Bayern de Munique), Santiago Bernabéu (Real Madrid) e Camp Nou (Barcelona). Na Holanda, Nico Van Vuuren é o diretor executivo da firma e, entre outros, trabalha com sua filha, Jennifer, que explica o funcionamento da técnica.
- O sistema analisador mede as condições de crescimento do campo como, por exemplo, o teor de umidade do solo, de nutrientes do solo e da temperatura. Graças ao sistema Analyser SGL, temos uma visão das condições de crescimento minuto a minuto. As condições de crescimento são exibidos em um site Portal online SGL - explicou Jennifer, via e-mail.
Os profissionais da área atribuem notas à qualidade do solo para a prática do futebol e, após a manutenção de dezembro, o Engenhão finalmente atingiu 8,9, o máximo entre os estádios que a empresa monitora. Fica até um pouco acima de campos espanhóis.
- Aqui no Brasil pode haver alguns com aparência igual, mas nunca nenhum esteve neste nível de excelência. Agora o desafio vai ser passar pelo período de abril a setembro, quando fica menos exposto à luz do sol e o sobreamento surge por mais tempo - frisou Marcelo, a mesma preocupação que o diretor executivo do clube, Sergio Landau, externou na semana passada.
Em duas rodadas de Campeonato Carioca, foram três partidas, e o palco pareceu suportar muito bem a exigência. Mesmo com todo o cuidado, para evitar surpresas, o Glorioso já reforçou o pedido à Federação do Rio e à CBF para que sua utilização seja urgentemente reduzida (em 2012, foram 93 jogos). Resta saber se a tecnologia vai ser capaz de evitar a rotineira degradação para definir um novo padrão no campo e acabar com a fama negativa.
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